quinta-feira, 27 de setembro de 2007

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

(i)Mobilidade - O SUCESSO - por Andy Singer

(i)Mobilidade – Alguma coisa acontece no meu coração


A capital paulista tem mais de 5 milhões de carros, é um para cada dois habitantes

São mil por dia, mais de 20 mil por mês. Cerca de 250 mil por ano. Se os quase cinco milhões de automóveis da cidade rodassem na mesma hora, as ruas e avenidas teriam que ter quatro andares.

O paulistano costuma perder duas ou três horas por dia em congestionamentos. Praticamente um mês por ano dentro do carro.

O ar foi considerado inadequado para respirar.

A cidade já foi considerada a mais poluída do mundo, segundo a ONU. Diariamente o paulistano respira 8.100 toneladas de poluentes. Os carros são responsáveis por 80% da poluição atmosférica de SP.

São Paulo perde seis milhões dólares anualmente com congestionamentos.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

(i)Mobilidade – Tostines - por Andy Singer



22 de setembro - Dia Mundial Sem Carro

(i)Mobilidade – Humanóides (n'O Sonho de Brasil Grande)


Máquinas se alimentam de óleo de montagem
Fábricas se robotizam na velocidade da nova era.
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Em apenas cinco anos – de 1990 a 1995 – a produção de veículo por empregado passou de 7,8 para 15,6.
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“…Apesar das evidências de que a indústria automobilística não funciona mais como um motor de desenvolvimentismos, tampouco como milagrosa geradora de empregos, as empresas automobilísticas continuam a compor a indústria mais protegida do Brasil. Não só com todo o cardápio de isenções fiscais, mas com diversos mecanismos de reserva de mercado.. Talvez porque esteja claro que encarar o fim dos sonhos automobilísticos, seja encarar também o fim dos sonhos de Brasil Grande”.
- Da introdução (assinada por M.Baderna) ao livro “Apocalipse Motorizado – A Tirania do Automóvel em um planeta poluído” , organizado por Ned Ludd, publicado pela editora Conrad 2004 – coleção Baderna (www.baderna.org)
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Assista ao video "No caminho para virar humanóide" clicando no título deste post

(i)Mobilidade - DMSC - por Andy Singer

22 de setembro - Dia Mundial Sem Carro

domingo, 16 de setembro de 2007

Memória Ativa com Jesus no Mundo Maravilha


A série de mini-docs que deu origem a esse Blog foi convidada para ser exibida na pré-estréia paulistana do filme "Jesus no Mundo Maravilha".

Os organizadores do evento - que será realizado segunda-feira (17) às 19:30 no Espaço Gafanhoto - propuseram que as quatro primeiras edições do Memória Ativa fossem exibidas sequencialmente, como se fora um curta-metragem para anteceder a atração principal, o documentário - vencedor do Programa Doctv Iberoamérica - que mostra um retrato inusitado de policiais exonerados trabalhando em um parque de diversões.

Além da rara oportunidade de ser projetado em tela grande e som de cinema, é uma grande honra para a série Memória Ativa ser exibida antes de um corajoso projeto documental como este Doctv: "Jesus no Mundo Maravilha (e outras histórias da polícia brasileira)"

O representante brasileiro do inovador programa iberoamericano (Doctv-IB) será veiculado em 15 países e sua estréia nacional será no dia 21/09, na TV Cultura. Porém, antes de ocupar a telinha, estará na telona em sessões especiais, seguidas de debates com espectadores e com importantes nomes da comunicação.

Vale a pena conferir.

Em São Paulo
17/09 - 19:30
Local: Espaço Gafanhoto. Av.Rebouças 3181
Debatedores:
Marcelo Coelho (Folha de São Paulo)
Jorge Cunha Lima (Fundação Padre Anchieta)
- exibição dos quatro primeiros episódios da série Memória Ativa

Entrada Franca

No Rio de Janeiro
19/09 - 09:30
Local: FACHA. Rua Muniz Barreto, 51, Botafogo
Debatedores:
Alba Zaluar (antropóloga);
Eduardo Escorel (cineasta)
Rodrigo Pimental (roteirista do longa "Tropa de Elite")
Marcílio Moraes (autor da novela 'Vidas Opostas")

Entrada Franca

Respeitável Público - POPSTARS


O juiz aposentado Ovídio Sandoval é um assíduo telespectador de CPIs. Sabe como funcionam todos os capítulos, de todos os enredos deste reality show quase sazonal. Chegou a escrever o livro “CPI ao Pé da Letra”, publicado pela Editora Millennium e, em uma entrevista ao Consultor Jurídico (www.conjur.com.br) fala sobre como as câmeras interferem na realidade.

“O apelo da mídia faz com que aquele deputado e aquele senador queiram aparecer. Eles ficam muito mais preocupados em fazer campanha pessoal e se esquecem que ninguém é obrigado a ouvir desaforo. Por exemplo, o depoente tem o direito constitucional de não se incriminar. Mas se a pessoa vai depor na CPI e não responde o que parlamentar pergunta, porque geralmente a questão não tem nada a ver com o fato determinado, o que passa na cabeça do cidadão comum é que os parlamentares são verdadeiramente os defensores da pátria e que aquele cidadão que esta depondo é um mal-feitor. A população faz um pré-julgamento e o cidadão convidado para depor já está com a honra lameada de todo jeito. Por outro lado, o deputado ou senador que o submeteram a toda a humilhação ficam livres de qualquer julgamento.”
Ovídio Sandoval – Maio de 2006

No jogo da realidade midiática, saem perdendo aqueles que não souberem se posicionar bem na foto.
Assim como em outras constelações, no ‘starsystem do planalto’ há espaço para todo tipo de história e personagem. Da comédia à tragédia, vilões, mocinhos, palhaços e anti-heróis atuam em um palco dramática e publicamente rentável.
O respeitável público se emociona - seja de identificação, raiva ou indignação - e paga o ingresso.

**veja uma coletânea dos hits de audiência clicando no título do post

Respeitável Público - Uma coisa é uma coisa…



Janeiro de 2006: entra em cartaz a CPI dos Bingos. Conforme a trama principal se desenrola, são criadas novas sub-tramas que promovem a ascensão de estrelas como Okamoto, Palocci, Silvinho Pereira, Francenildo-o-caseiro e grande elenco. A audiência aumenta e gera matéria-prima para a confeccionar todas as capas das revistas semanais. Ao término de 3 meses, o sucesso é tamanho que ela ganha nova temporada. A CPI dos Bingos se renova por mais três meses. E em meio ao desenvolvimento do enredo, em maio do mesmo ano, o juiz aposentado Ovídio Sandoval dá uma entrevista ao Consultor Jurídico (www.conjur.com.br) reclamando a falta de uma direção mais firme e focada para a série de depoimentos e investigações. Após explicar que as regras são claras e que (por lei) as CPIs deveriam ser monotemáticas, Doutor Sandoval questiona:

“A CPI dos Bingos foi criada para apurar problemas atinentes a bingos, práticas ilícitas que o jogo pudesse trazer à vida nacional. E o que isso tem a ver com o assassinato dos prefeitos de Santo André e de Campinas?”, questiona o juiz aposentado Ovídio Sandoval, autor de “CPI ao Pé da Letra” (editora Millenium)

sábado, 15 de setembro de 2007

Memória Ativa 7 – Respeitável Público

Terminal – Vitrine


O Aeroporto de Congonhas, sempre foi um fiel cartão-postal da cultura paulista.
Inaugurado em 1936 como uma demonstração de que esta viríl sociedade tinha, apesar de derrotada quatro anos antes (na Revolução Constitucionalista de 32) uma arma de soberania muito mais rica, eficiente e, sobretudo, moderna.

Desde então Congonhas vem acumulando grandes reformas, no ímpeto de se tornar ainda mais imponente.

Na década seguinte (anos 40) é rebatizado. Torna-se o "Aeroporto Internacional de Congonhas".
Com grande festa, o “Pavilhão das Autoridades” é inaugurado antes da conclusão do terminal de passageiros.
A cidade de São Paulo cresce sem freios.
Na década de 50, seu charmoso café (com vista para pista) é o ponto de encontro da sociedade paulistana. Com garoa ou sem garoa, o programa é assistir ao desfile de pousos e decolagens de aviões que chegam dos países mais desenvolvidos do mundo.
Na década de 60, a despeito do sucesso e prestígio que tal ponto de encontro agrega aos bairros próximos, alguns moradores começam a prever o aumento do zumbido aéreo e solicitam a construção de um novo aeroporto, em um local ‘mais afastado’ e quiçá bucólico.

Na década de 80 o pedido é atendido. Muitos não gostam, pois consideram que a construção do grandioso rival Cumbica (na então afastada Guarulhos) deixa uma atmosfera vazia e decadente no saguão do outrora elegante símbolo paulistano.

Em 90 o Plano Real dá novo fôlego ao Velho Congonhas. De volta aos painéis internacionais, começa a engordar, inchar e assustar seus vizinhos com trânsito e acidentes aéreos. O Poder Público resolve aumentar as vestimentas de Congonhas e novas obras são iniciadas para torná-lo ainda mais elegante e funcional.

Na década seguinte (os anos 00) as obras não param e o cartão-postal volta a crescer desenfredamente. Demora, mas fica finalmente pronta a grande modernização do estacionamento e do shopping, com lojas de artigos variados. Congonhas se amplia mas mantém a tradição nos ‘detalhes’, como o piso do saguão, quadriculado em preto e branco. Congonhas volta a esbanjar. É um local que mistura o moderno e o arcaico com muito charme. A reforma da antiquada pista de pouso, para a aplicação de novos ‘detalhes' - como área de recuo, tecnologia anti-derrapantes e outros mais - ficou para depois…

Terminal - 1936


"(...)Como disse Sérgio Buarque de Holanda em seu clássico "Raízes do Brasil" - curiosamente publicado no mesmo ano em que o aeroporto de Congonhas foi inaugurado - desde sempre nos esforçamos para criar "asas para não ver o espetáculo detestável que o país" nos oferece (...)"

Trecho de “Congonhas: de vitrine a vidraça”, artigo de Francisco Alambert

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Terminal - Daqui pra frente...


"A Tam anunciou que até 2010 vai substituir todos os aviões Fokker 100 por modelos Airbus. A empresa vai ampliar a frota para 127 aeronaves."

-Chamada para matéria do Jornal da Band, em junho de 2006

Memória Ativa 6 - Terminal

“UMA IMAGEM VALE MAIS QUE MIL PALAVRAS"

Mas experimente expressar isso só com imagens.

Ouro Verde – Baita Bandeira


O Brasil é azul, amarelo e verde. São as cores da riqueza. Tudo da natureza. Certo, tem um pouquinho da branca também, mas essa é verborrágica e, além de estrela, fala em ‘ordem’, ou algo assim.
O que não vem ao caso. O caso é verde. Desde sempre se diz que a riqueza verde predomina na terra dos tupis. O ouro é verde planta, não verde dólar.
Tem gente dizendo que por aqui a fortuna verde escoa pelo ralo, como foi com a amarela. Tem gente alterando o estandarte nacional. Tem gente dizendo ‘demorô’. Há tempos.
Mas o fato é que vai tudo muito bem obrigado com a nossa bandeira.

assista o videoclipe “Um certo hino à bandeira”, clicando no título deste post.

domingo, 9 de setembro de 2007

Paralelas - A Tocha, um simbolo da SEDE

Em mais um trabalho de garimpo internético, a equipe do 'Blog Memoriativa' encontrou preciosidades a respeito de uma das mais importantes SEDES dos Jogos Olímpicos. Neste post, Berlin 1936 é lembrada com nostalgia poética em um emocionado e nostálgico depoimento de Hans Hamman, imigrante alemão e alfaiate aposentado. Em seguida, um vídeo de sucesso na web, que contempla o nascimento do ritual olímpico da tocha. A chama ardendo durante as provas de superação humana (homens contra o tempo, homens contra homens, brancos contra pretos, etc..) simbolizaram uma era que marcaria o espírito olímpico como mais um espelho das essência humana.

"Naquele momento eu estava fascinado pela perfeição estética. A beleza da arquitetura, dos gestos, dos uniformes, dos símbolos (...) Foi um momento mágico que qualquer alemão que o vivenciou, jamais esquecerá. A partir deste evento, as chamas da TOCHA foram definitivamente incorporada ao à simboogia olímpica. Hoje entendo que tal evento mudara profundamente a cordialidade entre os homens. Feridas horríveis marcaram definitivamente a consciência dos povos depois de 36. Mas na época eu só queria reverenciar a supremacia estilistica dos uniformes, a plasticidade dos gestos e o calor da TOCHA"
trecho de depoimento de Hans Hamman - alfaiate aposentado - alemão naturalizado brasileiro



**clique no título deste post e assista ao papel das olimipíadas na cultura do século XX

O Espetáculo – Um pensamento


No início da década de 90 os brasileiros abraçaram definitivamente o modelo britânico de torcer. O país da realeza, dos policiais desarmados, da moeda mais estável do mundo e de uma classe pobre quase inexistente, não nos inspirou apenas na paixão pelo futebol, mas também no papel que exerce a arquibancada em relação ao espetaculo.
Os casos de pancadaria-seguida-de-morte se multiplicavam nos estádios brasileiros e nossa opinião pública se apavorava. Em 1995, durante a final da Copa São Paulo de Juniores entre Palmeiras e São Paulo, o estádio do Pacaembu assistiu a uma das mais impressionantes batalhas travadas entre torcedores. O saldo de um morto foi pouco. O que realmente chocou os formadores de opinião foram as imagens transmitidas por todas as emissoras de televisão. As cenas, de adrenalizadas massas em confrontos sangrentos - que pareciam terem sido tiradas da CNN, Holywood ou BBC - fizeram o caminho inverso e alcançarram os quatro cantos do mundo. O assunto ganhou, naturalmente, a atenção de muita gente séria, brasileira ou estudiosa, que aproveitou para promover debates e publicar livros sobre o tema. Em uma dessas ocasiões, mais precisamente em 1996 no Seminário “A Violência no Esporte” em São Paulo-SP, Brasil, o bem-conceituado jornalista Juca Kfouri se expressou, ponderou (enfatizando termos como "Evidentemente") e até apresentou estatísticas supostamente precisas para sustentar uma tese tácita da soceidade brasileira:

"(...) uma das soluções que eu vejo imediata é proibir, terminantemente, o futebol com portões abertos; futebol de massa nem pensar, porque é a senha para bandidos tomarem conta do estádio. Cobrar o ingresso e cobrar caro, cada vez mais caro, com cadeiras em todos os setores do estádio. Tornar o futebol um esporte para a elite, vão lá 40 mil abençoados por Deus, da alta classe média desse país (...). Evidentemente que não são os pobres os culpados pela violência. (...) mas infelizmente, 90% desses vândalos são do 'lumpesinato', são; são explorados, são; são um bando de desocupados, são (...) ou são explorados dessa gente, em regra os presidentes de 'torcidas organizadas' (...)."

Juca Kfouri, editor-chefe de jornalismo esportivo em diversos veículos de comunicação, atualmente da rádio CBN - é um credenciado representante da opinião pública nacional

**clique no título deste post e assista a uma pitada do combustível que motivou a mobilização da intelectualidade brasileira

Paralelas - A Visão de Gil Dória sobre as torcidas

A equipe do Memória Aiva, em mais uma prestação de serviço, garimpa a internet e traz para a secão "Outras Lentes" a visão de João Gomes (ou Gil Dória) sobre o ato de torcer. Em uma experiência genética-jornalística foi produzido um híbrido de Joao Dória Jr. e Gil Gomes. Nasce assim um video celebrado na web, com centenas de milhares de "views" e dezenas de comentáríos que celebram esta importante experiência científica.

sábado, 8 de setembro de 2007

O Espetáculo – Charangas, lemas, independência e mortes

Podemos constatar a existência de torcidas uniformizadas desde o ano de 1943, quando o jornal A Gazeta Esportiva e a Rádio Gazeta promoveram o "Campeonato das Torcidas Uniformizadas".

Estas torcidas parecem surgir da necessidade de oposição às “charangas”, (que levavam bandas - com mais instrumentos de sobro do que de percussão - para tocar marchinhas nos estádios) Na época, considerava-se que as charangas tinham um modo de torcer demasiadamente pacífico. Era uma maneira muito carnavalesca de torcer. Misturava um pouco as coisas. Portanto surgiu a necessidade de torcer com mais virilidade. Para isso foram criadas as 'torcidas uniformizadas', inteiramente subsidiadas e motivadas pelos clubes e autoridades.

Estas torcidas nasceram inspiradas e delineadas pelas fortes motivações de época, alicerçadas e difundidas em palavras como juventude, raça, nação e ordem. Esses eram seus principais lemas. Apenas para lembrar, este período é marcado, no plano internacional, pela Segunda Grande Guerra e o Nazi-Fascismo. No âmbito nacional, pelo estado centralizador getulista. Por sinal, Vargas foi um grande propagador dos esportes a serviço de um ideário de nação - baseado na "Saúde Social".

Só depois, lá pelo começo dos anos 70, é que foram criadas as chamadas 'torcidas organizadas', independentes dos clubes. Foram instituídas para, supostamente, fiscalizar as atividades dos clubes.
Algo parece ter mudado nesse período. Algo parece ter ficado. Como tudo na vida.

**assista a palavra audiovisual dessa história clicando no título desse post

O Espetáculo - Independente


A Gaviões da Fiel é a mais antiga torcida organizada. Fundada em 1/07/69, abriu caminho para as chamadas "organizadas", um novo modelo de organização militar-burocrático, com estatuto, diretoria, conselho, Vice-presidente e Presidente. Surgiu com o objetivo de fiscalizar e apontar os erros praticados pelos dirigentes do S.C.Corinthians Paulista, auto-intitulando-se "os representantes da nação corintiana" em oposição à Instituição-Clube.

Memória Ativa 5 - O ESPETÁCULO

Padin Chico – Passado é Passado

Notícias de desvio de recursos públicos via SUDENE ou SUDAM são como chacinas. O público se acostumou a não dar muita audiência a certas tradições da nossa sociedade. Mas já fazia algum tempo que não ouvíamos novidades da Sudene ou Sudam. Foi quando surgiram as denúncias relacionando a empresa do então Ministro da Integração Nacional de FHC, Fernando Bezerra, que apontavam irregularidades (desvios e fraudes) em obras de abastecimento de água no nordeste.
Bezerra sempre foi um homem de negócios, a transitar entre empresas públicas e privadas. Mas sempre manteve a saúde empresarial das suas, em sua terra natal, o Rio Grande do Norte. Como Ministro, supostamente estaria desligado de suas empresas. Mas surgiu a denúncia de que uma das suas empresas havia sido favorecida em licitação e a mesma não teria entregue o serviço prometido. E a fonte começou a secar. FHC afastou-se do escândalo, disse ‘não é comigo’ mas titubeou em afastar o ministro. Antes que fosse demitido ou que fosse aberta uma CPI para atrapalhar o trabalho do (ex) chefe, Bezerra se demitiu e, seguro de si, deu uma longa entrevista coletiva explicando porque abandonava o governo e porque suas empresas tiveram tanto lucro nos últimos tempos

Eis alguns trechos que tentam sintetizar a coisa toda:

“….o prejuizo pouco importa (…) Nós saímos do negócio (…)
Isso não fere o código de ética, eu posso mostrar a você! (...) E se eu tiver cometido esse crime foi até agora. Daqui pra frente tá encerrado. Se tiver alguma coisa a pagar eu responderei por isso.”
Fernando Bezerra, ex-Ministro da Integração Nacional

De lá, Fernando Bezerra foi diretamente assumir a a cadeira de presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) da qual estava lisenciado. O Conselho de Ética disse que, perante as leis, ele estava sendo investigado e não poderia assumir a presidência da CNI.

Mas, se logo depois do fato pouco se falou sobre o assunto…tudo isso é passado, notícia requentada que não interessa mais..

PS - Hoje Bezerra é Senador pelo PTB do Rio Grande do Norte e recentemente, em tempos de "apagão aéreo" foi cotado para assumir a INFRAERO.

**assista uma fração desse momento histórico clicando no título do post

Padin Chico - No compasso da persuasão


O projeto de transposição das águas do Rio São Francisco começou a ser alardeado como 'a mais moderna solução' para a seca do nordeste em 1847.

Desde então, praticamente todos os governos federais discutiram a grandiosa obra de engenharia. Neste período, aqueles que se opunham à construção cresceram, se multiplicaram e se diversificaram. No governo Lula o assunto mais uma vez, se fortaleceu na agenda orçamentária. Desta vez o início da construção já tinha data para começar. O presidente falava aos quatro cantos que “nunca nesse país…

O IBAMA do século XXI liberou a realização alegando que tudo mudou e o meio ambiente não teria mais prejuízos. Liminares foram derrubadas em outras instâncias políticas-jurídicas. As obras iam acontecer e apenas o noticiário especializado repercutia. Foi quando Dom Luis Flavio Costa, bispo diocesano de Barra (BA), ocupa os jornais, rádios e tvs anunciando que entrara em greve de fome para convencer o Poder Público a adiar o início das obras. Em um documento, Dom Costa diz que está disposto a levar o jejum até a morte, caso o projeto não seja suspenso.


Da úmida Avenida Paulista aos mais remotos cantos-secos do Brasil, passeatas emocionadas são feitas a favor de Dom Luis Costa. Faixas e cartazes de apoio, solidariedade e pedidos de plebiscito. Dom Luis aparece na TV cada vez mais magro. A pressão aumenta e o assunto ganha as primeiras páginas dos jornais, o último bloco dos telejornais e o horário matinal das rádios noticiosas.

A greve, de um-santo-homem-só, ganha repercussão internacional e o (na época) Ministro das Relações Institucionais Jacques Wagner (hoje governador) chega levantando muita poeira na seca cidade baiana. Com ele está uma imensa comitiva - de carros 4X4, seguranças e principalmente repórteres - para acompanhar a negociação com o grevista.

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, maior megaphone da Igreja) se anuncia contra a transposição, mas reclama a escassez de poderes em um Estado laico. Dom Geraldo Majella traz a palavra, em nome da entidade sagrada:
“A Igreja tem o poder, digamos, de persuasão, mas não de determinação”

Dom Luis Costa se empolga:
“Tenho muita esperança no bom senso das nossas autoridades. Mas se por um acaso isso não acontecer eu estou nas mãos de Deus”.

O Carnaval se aproxima:

Elba Ramalho, em seu blog recém-inaugurado, também critica a transposição do Rio São Francisco. Supostamente a obra levaria água do Velho Chico para outros estados, inclusive para a terra natal de Elba, a Paraiba. Mas Elba está animada e tem argumentos vigorosos, além do apoio da CNBB, da OAB e do MST.


Censurada e perseguida por se declarar contra a transposição, Ramalho é bombástica: cancela a participação no carnaval de sua cidade e ameaça não voltar mais à Paraiba. Xeque-Mate. O assunto finalmente ganha destaque em veículos de amplo alcance, como as revistas semanais de celebridades.

Após muitas dicussões na TV aberta e algumas na TV Senado, as obras são paralizadas em respeito à devoção do bispo engajado e de outras manifestações hereges.

O governo da Paraiba, no entanto, não arrasta-pé e cancela o cachê de Elba Ramalho para o carnaval deste ano.
Segundo alguns moradores de Barra (BA), Dom Flavio Costa está visivelmente mais gordo.
A seca, as obras e o PAC seguem em água morna.
Dizem que mais uma vez Elba terá um trio-elétrico só para ela no carnaval de Salvador.