domingo, 9 de setembro de 2007

O Espetáculo – Um pensamento


No início da década de 90 os brasileiros abraçaram definitivamente o modelo britânico de torcer. O país da realeza, dos policiais desarmados, da moeda mais estável do mundo e de uma classe pobre quase inexistente, não nos inspirou apenas na paixão pelo futebol, mas também no papel que exerce a arquibancada em relação ao espetaculo.
Os casos de pancadaria-seguida-de-morte se multiplicavam nos estádios brasileiros e nossa opinião pública se apavorava. Em 1995, durante a final da Copa São Paulo de Juniores entre Palmeiras e São Paulo, o estádio do Pacaembu assistiu a uma das mais impressionantes batalhas travadas entre torcedores. O saldo de um morto foi pouco. O que realmente chocou os formadores de opinião foram as imagens transmitidas por todas as emissoras de televisão. As cenas, de adrenalizadas massas em confrontos sangrentos - que pareciam terem sido tiradas da CNN, Holywood ou BBC - fizeram o caminho inverso e alcançarram os quatro cantos do mundo. O assunto ganhou, naturalmente, a atenção de muita gente séria, brasileira ou estudiosa, que aproveitou para promover debates e publicar livros sobre o tema. Em uma dessas ocasiões, mais precisamente em 1996 no Seminário “A Violência no Esporte” em São Paulo-SP, Brasil, o bem-conceituado jornalista Juca Kfouri se expressou, ponderou (enfatizando termos como "Evidentemente") e até apresentou estatísticas supostamente precisas para sustentar uma tese tácita da soceidade brasileira:

"(...) uma das soluções que eu vejo imediata é proibir, terminantemente, o futebol com portões abertos; futebol de massa nem pensar, porque é a senha para bandidos tomarem conta do estádio. Cobrar o ingresso e cobrar caro, cada vez mais caro, com cadeiras em todos os setores do estádio. Tornar o futebol um esporte para a elite, vão lá 40 mil abençoados por Deus, da alta classe média desse país (...). Evidentemente que não são os pobres os culpados pela violência. (...) mas infelizmente, 90% desses vândalos são do 'lumpesinato', são; são explorados, são; são um bando de desocupados, são (...) ou são explorados dessa gente, em regra os presidentes de 'torcidas organizadas' (...)."

Juca Kfouri, editor-chefe de jornalismo esportivo em diversos veículos de comunicação, atualmente da rádio CBN - é um credenciado representante da opinião pública nacional

**clique no título deste post e assista a uma pitada do combustível que motivou a mobilização da intelectualidade brasileira

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