segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Padim Chico - em Caravana

Rio São Francisco - Caravana percorrerá País em debate sobre transposição
Tribuna da Imprensa - RJ
17/08/2007


Uma caravana composta por especialistas e representantes de movimentos sociais percorrerá as principais capitais do Brasil a partir deste domingo, para promover discussões e debates junto às universidades, prefeituras e governos estaduais sobre o polêmico projeto da transposição das águas do Rio São Francisco.

"O objetivo do grupo é alertar que a obra não resolverá os problemas da seca na região semi-árida do País e que ainda trará impactos negativos para a região e para a população", afirmou Apolo Heringer Lisboa, coordenador geral do projeto Manuelzão, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que promove a revitalização da bacia do Rio das Velhas.

O projeto de integração da bacia do São Francisco às bacias do Nordeste Setentrional (PISF), mais conhecido como projeto de transposição, está orçado em R$ 4,5 milhões e consiste na transferência de águas do Velho Chico para pequenos rios e açudes da Região Nordeste que têm volume reduzido no período de estiagem.

"Ilusionismo" As obras tiveram início em junho, no município de Cabrobó (PE), mas foram interrompidas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), no último dia 26, que suspendeu a licitação das obras. A medida foi tomada após mandado de segurança de três empresas que perderam a disputa.

De acordo com o governo federal, a obra vai beneficiar 12 milhões de pessoas. Para Lisboa, esse projeto é um "ilusionismo": "É como combater a fome em uma cidade com a construção de supermercados."

Segundo ele, as pessoas que sofrem com a estiagem não receberão essa água. "É impossível distribuir água para uma população difusa. Elas só recebem (água) por meio de uma demanda difusa, ou seja, com chuva ou poços", disse.

Lisboa afirma ainda que a transposição irá apenas alimentar a "indústria da seca". "Existem alternativas mais baratas e que podem ajudar a resolver o problema. Essa obra é de interesse das grandes empreiteiras, dos projetos eleitorais e da elite política nordestina."

A jornada começará em Belo Horizonte e seguirá para o Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, Natal, Fortaleza, Recife, João Pessoa, Salvador, Aracaju e Maceió. "Vamos apontar as incoerências do projeto do governo federal e mostrar que desta forma o problema social da seca não será solucionado e que não vamos a lugar algum", afirma Lisboa.

Um comentário:

Anônimo disse...

Se essa transposição for feita com responsabilidade e não houver, além do desvido do rio, desvio de dinheiro e melhorar a qualidade de vida daqueles que forem beneficiados, e estou de acordo. O grande problema é que essas obras grandiosas, envolvendo vultosas somas, nem sempre são feitas de forma séria. Hoje, com a tecnologia de ponta que existe ao dispor dos tecnólogos, é possível projetar e concluir obras de grande magnitude prevendo suas consequencias benéficas e maléficas...