terça-feira, 14 de agosto de 2007

Ouro Verde

Apesar do Brasil possuir um dos cenários mais promissores para a indústria canaviera, por ser líder na produção de açúcar e etanol e reunir as melhores condições para a expansão da indústria da cana-de-açúcar, temos que repensar que tipo de desenvolvimento queremos e vamos topar. Apesar da euforia da agroindústria, fala-se pouco sobre o controle necessário à sua estrutura de produção, já que os aspectos principais dessa estrutura se concentram em 3 pontos: concentração fundiária, o uso da força de trabalho e impactos ambientais. Entre outros negócios prejudiciais ao meio como o cultivo de soja e a criação de gado, os empreendimentos sucroalcooleiros são tradicionalmente concentradores de renda em virtude da integração vertical das usinas, que exclui e reduz o número de fornecedores/produtores. A força de trabalho centra-se na ocupação temporária da lavoura e no pagamento dos trabalhadores por produção, sendo que em muitos casos não se cumpre leis trabalhistas, além das condições de trabalho serem muito precárias, daí as inúmeras denúncias de trabalho escravo. Acrescenta-se aí a dimensão complexa dos impactos ambientais que vão desde a contaminação do lençol freático com o despenho de vinhaça no solo, até o desmatamento de reservas legais de mata nativa, passando pela queima da palha da cana e pela monocultura canavieira (fonte: Série Cadernos Técnicos - Transporte e Meio Ambiente da ANTP - Volume 6). Com tudo isso, fica difícil engolir toda essa propaganda do governo e muito menos a vinda do Bush para pactuar acordos nesse sentido. Com a falta de fiscalização e a corrupção enraizada em nossa cultura sabemos no que essa política vai resultar: mais dinheiro nas mãos de poucos e menos verde, água e ar puro para nossa população.

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